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01/07/07

1912, GOVERNO CIVIL DO PORTO


Em 1912, Sidónio Paes era Ministro de Portugal em Berlim


CORRESPONDÊNCIA ENTRADA NO GOVERNO CIVIL NO ANO DE 1912
AO DELEGADO DO GOVERNO DA REPÚBLICA NO DISTRITO DO PORTO

"Vae decorrido o período de agitação e entramos emfim numa época normal. Sem vigílias nem trabalhos estenuantes de defeza da Republica, ás lutas e ás convulsões sucedáneas duma mudança de regímen vae seguir-se um período de ordem, de paz e de trabalho:

Consequentemente dentro da ordem e do trabalho, a coberto da mais perfeita legalidade vem, o “ Grupo Defeza da Republica”, apresentar-vos duas espécies de notas reclamativas, cujo teor espera comunicareis ao Governo da Republica , convencido de que as defendereis no que elas tem de nobre e de justo!

Estas reclamações interessam - uma diretamente ao Grupo - e as outras- á cidade do Porto, egualmente concorrendo para o prestigio e consolidação do Regímen.

Não vos faremos, por demasiadamente a conhecerdes, a istória desta corporação composta na sua quasi totalidade pela classe proletária, embora um núcleo bastante numeroso da chamada classe média , lhe tenha dedicado o melhor dos seus esforços! Vós, como o vosso antecessor inexquecivel, o Dr.Rodrigo José Rodrigues, com a maior atenção tendes tratado esta instituição que, por isso, como áquele, vos professa superior consideração!

Mas o caso é que, tanto vós, como o Dr. Rodrigo Rodrigues, não tendes encontrado nos poderes legislativo e executivo, o necessário apoio para demonstrar práticamente que a Republica, irradiando da capital já chegou ao Porto, porque, sejamos sinceros e verdadeiros - na Cidade que a Portugal deu o nome - ainda se não fez Republica!

Os processos políticos, são ainda os mesmos dos tempos ominósos! Politica de interesses, de favor, de empenho protecionista, a situação económica das industrias e do comércio estão estacionárias e a da classe proletária e da classe média agrava-se em virtude do encarecimento dos géneros de primeira necessidade e do aumento do custo dos alugueres, em contraste ao estacionamento dos proventos e salários auferidos!

Medidas de fomento, se fôram promulgadas em dezasseis meses de Republica, o seu bafejo beneficiador ainda não foi sentido no Porto; o estabelecimento de Bairros Operários, a creação de Cooperativas de Crédito e Consumo, a proteção aos menores e mulheres nas fábricas, a estética da Cidade, o melhoramento do tráfego marítimo, a edificação de caes acostáveis , a dragagem do rio Douro , as obras do Porto de Leixões, as reformas da Policia, do Socorro Mutuo, da magistratura numa orientação de equitativa justiça, continua tudo na massa do impossíveis!

A Viação Elétrica, os fornecimentos de Àgua e de Iluminação , entregues a companhias que constituem verdadeiros estados dentro do estado e parecem apostadas em tornar cada vez peores os seus serviços!

O estado das ruas, como ainda há pouco sentiríeis por ocasião da visita ao local da catástrofe de Miragaya , ao passardes no lodaçal que se chama Rua da Alfandega, é simplesmente primitivo!

Alem disto a atmosfera politica é orrivel; o antigo cacicáto, apelidado de DONOS DO PORTO continua a imperar directamente sobre todas as forças vitaes da população citadina, agravando-se essa pressão pela junção de novos caciques que, pertencendo ao Partido Republicano, numa anciã interesseira, formaram essa plêiade autocrática que o vulgo já crismou de NOVOS DONOS DO PORTO!

È neste momento que o GRUPO DEFEZA DA REPUBLICA, que não segue homens mas luta e sempre lutará pela comsecussão dos fins estabelecidos no programa do antigo partido Republicano, resolve entregar nas vossas mãos as referidas notas reclamativas:

(a continuar)

PORTO 28 FEVEREIRO DE 1912

GRUPO DEFEZA DA REPUBLICA

(Dois nomes ilegíveis) "

( RESPEITAMOS A GRAFIA DA ÉPOCA)

QUALQUER SEMELHANÇA COM O ANO 2007 É MERA COINCIDENCIA.

Júlio Soares

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