StatCounter

View My Stats

01/01/08

A FICÇÃO DO FUTURO

António Mesquita




A ficção científica é uma preparação do futuro que fica quase sempre aquém da realidade.

Os sonhos mais visionários de Júlio Verne são hoje ingénuas especulações sobre a nossa capacidade de transformar o mundo.

E a advertência de Marx aos filósofos parece um contra-senso quando, mesmo sem eles, o mundo se transforma a um ritmo alucinante e o que se verifica, se calhar, é antes um défice de interpretação.

Tudo muda depressa de mais, e o mais que se pode dizer é que estamos envolvidos nesse processo, como no interior duma onda, cuja direcção não conhecemos nem dominamos.

Os cada vez maiores recursos afectos à investigação e a sucessão de descobertas que dão às vezes lugar a novos paradigmas do conhecimento não mudam o essencial da nossa situação. Como responsáveis pelo nosso destino, continuamos na situação do homem grego que injuriava os deuses pelos seus próprios erros. Isto é, se somos responsáveis pelo que acontece à vida de todos, é como a criança que sabe ter destruído o brinquedo, mas que não sabe por que o fez.

A ficção científica tornou-se nos últimos anos um exercício de sobrevivência, quando nos damos conta que já temos força que chegue para destruir o planeta, tal como o conhecemos.

É preciso toda a retórica da literatura, da rádio e do cinema para nos fazer prefigurar um futuro ameaçado por continuarmos a ser o que sempre fomos, a uma nova escala e dentro de parâmetros fatais.

É o nosso planeta em perigo que faz de todos nós uma só humanidade. E é uma questão de tempo, se ele não nos faltar, para que nos tenhamos de adaptar com novos órgãos mundiais e um novo espírito.


Sem comentários:

View My Stats