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01/01/12

OS AVALIADORES DA EUROPA

António Mesquita
O ditador da Alemanha nazi aprecia "O rapto da Europa"


"No passado 10 de Novembro, a S&P enlouqueceu os mercados durante duas horas anunciando por erro a degradação da nota da França. Muitos se interrogaram se a agência não teria lançado essa mensagem deliberadamente para testar as reacções da França. A S&P admite que o erro teve lugar em Paris."

"Le Nouvel Observateur" (1/12/2011)


Dizia Trotsky que a calúnia só pode ser uma força se corresponder a uma necessidade histórica (“Ma Vie”). Não há dúvida que a difamação, deliberada ou por "erro informático", levada a cabo pela agência americana tem força, visto que transformou alguns homens influentes, por um momento, em "baratas tontas".

A "virgindade" da França, no que ao "rating" diz respeito, ficou manchada para muito tempo. No entanto, a Standard & Poor, por outras palavras, já deu a entender que, neste caso, só se antecipou um pouco no tempo e continua de lança-manchas na mão para provar que o tempo lhe veio a dar razão.

O direito penal, provavelmente de todos os países, estabelece uma pena para a difamação, sobretudo quando os danos são avantajados, a menos que o responsável seja inimputável, por exemplo, em razão da idade.

A S&P parece ser também inimputável, apesar de já ter nascido no século XIX. Haveria uma boa razão para isso: é que a eventual punição dum erro, mesmo com consequências catastróficas, poderia criar um mecanismo de auto-censura nos avaliadores do mercado. A sua liberdade deveria, em princípio, ser total, para que os "investidores" possam ter toda a verdade sobre o risco real.  Assim vai o mundo: os incendiários à solta e os bombeiros no pelourinho.

No cerne do problema está a questão de saber se é possível uma avaliação que não crie os factos avaliados e se há algum exemplo no passado longínquo ou recente de total isenção do avaliador. Já é difícil obter resposta para estas questões na avaliação do desempenho nas empresas, com os "mercados", as dificuldades tornam-se tão complexas e "irreais" como as criadas pela política.

"Com efeito, as agências notaram com AAA produtos financeiros que se revelaram em seguida totalmente cancerosos. Ora elas eram pagas ao 'pro rata' do que era vendido pelos bancos, os seus primeiros clientes! Conflito de interesses no estado puro... Fizeram prova da mesma ausência de discernimento no caso da Lehman & Brothers que ainda estava classificada com AAA dois dias antes da sua falência em 15 de Setembro de 2008." (ibidem)

Inimputáveis e reincidentes, jogando com a credulidade (por falta duma bússola impossível, a não ser a defendida por alguns charlatães que usurparam o nome de economistas) de algumas instituições respeitáveis e, à sombra destas, dos que especulam com a vida dos outros.

Com a razão preterida em relação aos "videntes" do mercado, o caminho para as nossas elites é ainda a desregulação. E a Europa, que, segundo o mito, já foi raptada por um touro está à espera que a expulsem do curral.

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