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01/01/13

"AS PRENDAS"

António Mesquita

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"'As empresas pretendem testemunhar junto dos seus clientes e fornecedores, no sentido de agradecer-lhes, nesta época natalícia, mas também na época pascal, que não esquecem quem os ajudou a ter bons resultados', salientou Eduardo Catroga."

(do Jornal 'O Público', de 13/12/12, sobre as declaraçōes do CEO da EDP no âmbito do Processo 'Face Oculta')

 

Quanto maiores os cargos, melhores as prendas, como é lógico. Os pruridos ou a indignação de muitos portugueses que leram aquelas palavras justificam-se muito simplesmente por estarem desligados do 'contexto sociológico'.

Na sua habitual bonomia, o ex-ministro das Finanças explicou sem nenhuma espécie de desconforto ou crítica que a prática de oferecer 'prendas', pela altura do Natal ou da Páscoa, é normal nas empresas.

Essa prática está instalada e ninguém pareceu ver um problema nisso até que os escândalos em volta de 'luvas' e de outras formas decorrupção deixaram de parecer normais, pelo menos aos olhos da opinião pública.

Ora esta pequena corrupção ( é-o na maioria dos casos ) nada é comparada com o chamado 'lobbying' que, noutros países democráticos está institucionalizado, e que não está ausente do nosso, sob a forma dos diversos grupos de pressão, do mundo empresarial e por parte de alguns sindicatos ( mais monopolistas do que corporatistas ).

Pode dizer-se que o fim procurado pelo lobista ( através da corrupção pura e simples em muitos casos ) pelo distribuidor de 'prendas' do género de Manuel Godinho, ou o daqueles grupos de pressão é o mesmo: tirar partido do seu dinheiro ou do seu poder para torcerem as regras em seu favor, assim impedindo que a democracia seja menos injusta e menos desigualitária.

O fenómeno de que Eduardo Catorga é o pretexto para esta elucubração é conhecido de toda a gente e aprovado pelo silêncio e pelos 'bons costumes'.

Mas que se levante o 'moralista' a quem não se possam 'atirarpedras'. Já dizia Proudhon que o pensamento do homem bem colocado é o seu rendimento. É por ser a corrupção uma doença entranhada que as mais absurdas hipóteses e as mais soezes perseguições encontram cabimento e fácil credulidade.

 

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