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01/10/13

UMA EXPERIÊNCIA ELEITORAL

Manuel Joaquim

http://www.tvi24.iol.pt

Em quase todos os processos eleitorais que se realizaram após o 25 de Abril desempenhei funções nas Mesas de Voto. Nas penúltimas eleições participei na Assembleia de Apuramento Geral, que reúne no segundo dia seguinte ao da realização da eleição, para apuramento definitivo dos resultado eleitorais de todo o distrito doPorto, que tem o trabalho de analisar os resultados, as votações, os critérios e os documentos de muitas mesas de voto.

Foram pontos privilegiados para observar a personalidade, o comportamento, a formação, o estado de saúde físico e mental de muitas pessoas.

As mesas de voto, nos principais centros urbanos, são constituídas por pessoas indicadas pelos diversos partidos para o necessário pluralismo e fiscalização. O funcionamento desse critério fora dos centros urbanos é muito difícil e em muitos casos é impossível.

A partir do momento em que o desempenho dessas tarefas deixou de ser uma obrigação cívica e passou a ser uma verdadeira prestação de serviços, com o pagamento de honorários, (mantendo-se a dispensa ao trabalho no dia seguinte), muitas pessoas procuram ser nomeadas para as mesas de voto. Por isso, aparecem cada vez mais semreuniram as condições adequadas para o desempenho da tarefa. Portadoras de problemas de visão e de audição são muitas, com problemas de assistência a familiares começam a aparecer e com dificuldades na aritmética é notório.

A arrogância e o autoritarismo, raiando a má educação, são evidentes em muitas mesas de voto, tanto para componentes das mesmas como para cidadãos eleitores.

Durante o período da votação contacta-se com muita gente. Gente conhecida e gente desconhecida. É a população a passar à nossa frente.

Algumas mesas de voto revelam uma população envelhecida, com sinais evidentes de debilidades físicas e psicológicas.

Muitos corpos revelam-se dominados por doenças, canseiras, sofrimentos, limitaçõesintelectuais evidentes. Pessoas que eu conheço, que ainda há poucos anos revelavam primores físicos e intelectuais, não conseguem dobrar os votos ou simplesmente não conseguem votar. Casais, que nas câmaras de voto, tentam dar indicações verbais outrocar boletins de voto não é incomum.

Todos os cidadãos, sem excepção, exercem plenamente os seus direitos votando convictamente nas opções que consideram ser as melhores. Naturalmente que votam em função dos seus interesses que podem ser os mais diversos. É aqui que funcionam as promessas eleitorais que são apresentadas em função do eleitorado a que se destinam.

As promessas eleitorais vão desde a pintura da casa, a reparação do telhado, o subsídio para a família, uma casa municipal, até a notícias na comunicação social sobre negociações para obtenção de fundos para a recuperação de centros históricos com subsídios a fundo perdido ou com juros muito baixos para os senhorios poderem recuperar os seus imóveis, ou a intervenções de políticos importantes de que a crise está a passar e que já estamos a chegar à praia da bonança.

Antigamente existiam profissionais do conto do vigário que assentavam praça nas mediações da estação de comboios de S. Bento, que esperavam pelas pessoas que chegavam à cidade para lhes vender vigésimos premiados, bilhetes do prego, joias de latão ou até eléctricos. As ciganas ganhavam o dia a ler a sina. Outros levavam uma vida rica a deitar as cartas, a fazer defumadouros e bruxarias.

Hoje o conto de vigário é mais sofisticado. Os jornais, rádios e televisões estão a facturar lindamente com anúncios de grandes médiuns videntes, de astrólogos e outros que se dedicam a dar consultas sob marcação para resolver os problemas de amor ou familiares, de heranças, de saúde, de droga, de má sorte ou inveja e todos os outros que nos apoquentem. E se as receitas dos anúncios são boas é porque os anunciantes facturam à grande. Os clientes não faltam e são cada vez mais. Vale a pena registar a quantidade cada vez maior de igrejas que abrem pelas ruas das cidades.

Perante tudo isto, há muita gente que tem um conhecimento muito difuso da realidade e a sua capacidade crítica está condicionada. Mas a guerra ou a paz, ou a construção de uma sociedade melhor ou pior, depende muito das opções de cada uma destas pessoas.

 

 

 

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