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01/05/14

40 ANOS

Mário Martins
Cartaz de Maria Helena Vieira da Silva
(https://www.google.pt/search?q=a+poesia+est%C3%A1+na+rua+vieira+da+silva&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-PT:official&client=firefox-a&channel=sb&gfe_rd=cr&ei=Dk9RU4v7FojD8geJqICoBQ)

Quanto mais aquele “dia inicial inteiro e limpo” - como, melhor do que ninguém, Sofia o descreveu – se distancia no tempo, mais o seu simbolismo se transforma numa espécie de ruína sagrada, como em Delfos, as colunas. Para as gerações adultas, tratadas como crianças pela ditadura, mais do que as realizações que conseguiram naqueles excitantes meses, foi como que provar fugazmente o sabor da Utopia.

Mais tarde, Sofia acusa os inevitáveis erros:

“Nestes últimos tempos é certo a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças
Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?”

E canta o desencanto:

“Ou poderemos Abril ter perdido
O dia inicial inteiro e limpo
Que habitou nosso tempo mais concreto?”

Cantaremos o desencontro:
A vida errada num país errado
Novos ratos mostram a avidez antiga

Tal como em Delfos idealizamos uma espécie de pureza improvável dos gregos antigos, o 25 de Abril será sempre o marco histórico simbólico da liberdade e da democracia, apesar de a contínua degradação desta nos afastar cada vez mais das democracias avançadas ou mesmo da média europeia.


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