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01/07/14

PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Mário Faria

http://batente.blogspot.pt/2006_07_01_archive.html

 

Durante algum tempo, colaborei activamente no Fórum do Público. Em 2002 discutia-se a crise no PS depois da saída de Guterres que ficou empanado depois da queda no pântano. Ness altura, escrevi o seguinte:

“Seria muito importante para a esquerda que o PS ousasse promover uma séria reflexão sobre o projecto do socialismo democrático. Aprofundamento ou revisão, eis a questão. O PS, pelo que se lê, parece apenas interessado em demonstrar que é mais apto para gerir o capitalismo que o bloco de direita. Assim sendo, é de esperar que o Congresso vote (algumas) mudanças na continuidade, o que pressupõe que não haverá renovação programática nem mexidas substanciais nas práticas do partido. Ferro Rodrigues estará mais posicionado à esquerda, mas não vai renovar. Haverá ajustes tácticos na acção política e a (des)promoção de alguns quadros do partido, com o objectivo do melhor (re)posicionamento do PS para o regresso ao governo. É (muito) pouco e vai custar caro ao PS não ser capaz de aproveitar esta oportunidade para retomar a iniciativa e marcar a agenda política. É fácil tirar partido do enorme descontentamento popular face ao desempenho do actual elenco governativo, como aliás, os resultados da última sondagem (SIC/VISÃO) indiciam sobe a popularidade dos líderes políticos dos principais partidos nacionais. Afinal, os portugueses parecem claramente preferir “A vitória dos Marretas” ao “Triunfo do Cherne”.

Em concreto, depois de 2005, tivemos um governo maioritário do PS sob a liderança de José Sócrates que não conseguiu resolver a crise financeira que assolou o país (e o “mundo civilizado”) e ficou como principal responsável pela bancarrota que levou o país ao abismo e à condição de protectorado. Desse tempo, restou ao PS o PEC4 para esgrimir com a direita a coragem do partido em afrontar os mercados; o socialismo foi para a gaveta (mais uma vez) e repousa lá sem acordar.

A situação actual do PS não é (exactamente) igual à de 2005 em que conseguiu chegar á maioria absoluta, orgulhosamente só; hoje não poderá dispensar a presença de aliados que o ajudem na travessia do Rubicão. A José Seguro não resta outro caminho que fechar-se no seu labirinto e vitimar-se: não tem aliados fora da estruturae pariu as directas como meio de salvação. Está ligado à máquina; António Costa em termos programáticos pouco adianta e esconde-se em lugares comuns, politicamente correctos e sem compromissos. Subliminarmente da sua mensagem fica a vontade defirmar uma aliança com as forças de esquerda. É minha convicção que António Costa vai privilegiar o entendimento com a direita da esquerda, através de Marinho e Pinto e o seu PT, a esquerda da esquerda com o Livre & Associados e com o Bloco se este aceitar juntar os trapinhos e transformar-se numa espécie de MDP/CDE do PS: independente mas non tropo. Gostava de acreditar que o projecto político de António Costa é abrangente a toda a esquerda: um programa de salvação nacional inclusivo aquem quiser por bem entrar. De esquerda, obviamente. “A esquerda está sempre do lado do devir, da criação de um direito; a direita naturalista preserva direitos constituídos e responde a determinações realistas; ela não precisa de construir um pensamento, só precisa de alimentar o conformismo”. Esta é uma luta desigual, segundo António Guerreiro, muito mais exigente para a esquerda que tem de ser capaz de criar projectos utópicos para combater o hiper-realismo da direita. Não acho que haja gente capaz para teorizar essa nova utopia e por isso o futuro continuará muito difícil para a esquerda.

O BES é a face perfeita para simbolizar a origem da crise e os seus efeitos. Dá para perceber que os altos dignatários do banco representam a face visível da desordem e da corrupção que é o habitat por excelência do sistema; o dito capitalismo social não é para valer, é para vender. Enquanto não houver vontade e músculo para deter essa gente com poderes ilimitados, estamos tramados. Sem criar demasiadas expectativas políticas, é urgente criar uma alternativa ao actual governo, com princípios, alvos, processos e direitos sociais claramente definidos politicamente. Poucos, mas bons. E para executar, se obtiverem o favor da maioria. A credibilidade começa aí e a políticados pequenos passos fica com pernas para andar. Nesta fase do campeonato, não creio que possa ser de outra maneira.

 

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