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01/08/15

UM POETA DO POVO




No passado dia 20 de Julho, assisti a uma homilia na Igreja de S. Veríssimo de Paranhos, no funeral de um familiar. O tema que o padre glosou, para além da questão da morte, foi sobre a Sabedoria, dizendo que para se ter sabedoria, cultura,  muitas das vezes não é necessária grande instrução, dando como exemplo o poeta Aleixo, que tão bem retratou a nossa sociedade.

Ao ouvir o nome de António Aleixo,  lembrei-me do extraordinário livro “ESTE LIVRO QUE VOS DEIXO…”, publicado em terceira edição em 1975, edição de Vitalino Martins Aleixo, filho do poeta, que compila diversas obras de poesia e teatro, publicadas a partir de 1943. 

Também me lembrei do disco LP, “ESTES VERSOS QUE VOS DEIXO…” , publicado por iniciativa cultural da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, com Luísa Basto a cantar António Aleixo, com arranjos e direcção de Carlos Alberto Moniz, guião elaborado por Luís Francisco Rebelo, coordenação de João Fernando, narração de Henriqueta Maia e interpretação dos versos por Mário Pereira.

O Presidente da Câmara diz na contracapa do disco: “Com a realização desta obra, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António dá mais um novo e diferente passo na grande caminhada da divulgação da autêntica cultura popular portuguesa. Homenageamos o poeta António Aleixo, um dos mais ilustres filhos do nosso Concelho, de quem a sorte nunca quis ser companheira, mas que, assim mesmo, soube transmitir nos versos que deixou as lições da vida profunda recebidas das horas amargas….” 

Em contraste com António Aleixo, tanta gente,  que actualmente está a entrar em nossas casas adentro pelas televisões, pelas rádios, pelos jornais e revistas, cheia de instrução, muita  materializada em diplomas académicos de discutível seriedade,   mas sem  cultura, sem sabedoria  e sem  moral. A forte  campanha eleitoral em curso, com promessas e mais promessas feitas por gente que está descaradamente a mentir, como já mentiu em campanhas anteriores, que manipula e imputa responsabilidades a outros que são suas, que aldraba números e estatísticas para servir os seus interesses pessoais e de classe, que se aproveita da ignorância e do medo das pessoas, utilizando uma poderosa e cara máquina de manipulação, essa gente é muito má.   

Nas comemorações do 78º Aniversário de António Aleixo, realizadas em 18 de Fevereiro de 1977, por iniciativa do Centro de Cultura Popular do Porto, foi publicado o respectivo programa com o seguinte poema:

Se os homens chegam a ver
Porque razão se consomem,
O Homem deixa de ser
O lobo de outro homem.

Enquanto um Homem pensar
Que vale mais que outro homem,
São como cães a ladrar,
Não deixam comer, nem comem.

Que importa perder a vida
Em luta contra a traição,
Se a Razão mesmo vencida,
Não deixa de ser Razão?

Esta mascarada enorme 
Com que o mundo nos aldraba,
Dura enquanto o povo dorme,
Quando ele acorda, acaba.
A.A.

 “A ACTUALIDADE DA MENSAGEM DE ANTÓNIO ALEIXO TORNA-SE MAIS EVIDENTE NAS NOVAS CONDIÇÕES DA VIDA PORTUGUESA. O POETA ESTÁ, AFINAL, MAIS VIVO,  HOJE, DO QUE ENQUANTO ANDOU POR ESTE MUNDO”.

Palavras escritas em Fevereiro de 1975 pelo Dr. Joaquim Magalhães, que trabalhou a obra do Poeta.

Mesmo comemorando a morte de um familiar ou de um poeta podemos tirar lições de sabedoria  para a Vida.

Foi bom ouvir o padre da Igreja de Paranhos. 

31 de Julho de 2015

Manuel Joaquim


  

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