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01/11/15

A NOVA LINGUAGEM

António Mesquita


http://hive.themiscollection.com/A/!AFL/LaRevolutionFrancaise



"Desde há aproximadamente meio século, o poder régio tinha-se habituado a falar a linguagem dos seus inimigos, a da "constituição" e da "legalidade". 

(Chaussant Nogaret, citado no "Livro Negro da Revolução Francesa")


Esta observação sobre a Revolução Francesa confirma a ideia de Karl Marx de que a substituição dos poderes durante a revolução é a conclusão de uma preparação gradual das relações sociais, em que a linguagem e as ideias dos inimigos do regime vão tomando posições a que só faltaria, depois, o acto simbólico de içar a bandeira ou decapitar o rei.

Vemos aí por que razão tinha de falhar a Revolução bolchevique. Os novos poderes só podiam governar num 'travesti' do regime absolutista. O partido converteu os quadros do czarismo e formou os seus apoiantes, substituindo por outro o formalismo do czarismo, para lidar com uma realidade social e económica que, no fundo, não mudara.

Na Europa do pós-Muro de Berlim a linguagem do poder é, cada vez mais, a dos economistas arregimentados. Não está à vista nenhuma espécie de ventriloquismo do futuro. As chamadas alternativas deixaram-se transformar em glaciares onde a vida não pode vingar; são museus de história política que não podem fazer frente à monstruosidade táctica do sistema que conseguiu enlear um baluarte da 'dita alternativa' como a China.

Em resumo, se um novo poder se faz preceder por uma linguagem nova, só a da tecnologia parece apresentar-se como tal. É não-humana, impessoal e idealmente táctica.

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