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01/04/17

A CRISE EUROPEIA


Manuel Joaquim



(Bertrams, Het Parool (Amesterdão): Europa a duas velocidades ...)

Quem leu o jornal Público do passado dia 29, ficou a saber, que, a partir deste mês de Abril, vai iniciar-se uma grande campanha de comunicação, paga pela Comissão Europeia, para influenciar a opinião pública contra o eurocepticismo, que vai envolver empresários, académicos, autarcas, jornalistas e empresas especializadas, que vai decorrer até Março do próximo ano. Não vai faltar dinheiro para tantos papagaios, na rádio, nas televisões, nos jornais, nos outdoors que vão inundar muitos locais.

No mês de Março foram feitas comemorações ao 60º aniversário do Tratado de Roma. Muito se falou sobre o assunto, contrabalançando notícias sobre o início das negociações do Reino Unido para sair da União Europeia, o chamado Brexit. O Presidente da República, sobre isto, disse que seria "o momento para um novo começo”, não se sabendo muito bem a que começo se estava a referir.

Também em Março, Cavaco Silva deu uma entrevista ao jornal Público, onde referiu que “só se Portugal enlouquecesse é saía da zona do euro”. Isto, no seguimento de uma declaração sua, escrita, efectuada em Fevereiro, que teria “consequências dramáticas de uma ruptura da união monetária”. Preocupações que estão à flor da pele de alguém que tenta negar o rumo dos acontecimentos e o mais que provável desastre que se aproxima em termos económicos, sociais e políticos.

Os aprendizes de feiticeiro, continuam a governar a sua vidinha, defendendo já, sem vergonha, a Europa a várias velocidades, a destruírem os bancos nacionais, provocando a aceleração da concentração e centralização do grande capital transnacional, tendo como bandeira o chamado federalismo, com a ilusão de que com saltos em frente resolverão os problemas (deles).

Entretanto, aumentam as vozes críticas sobre a situação e o rumo da União Europeia, independentemente das suas posições políticas.

Curiosamente, a campanha que a EU vai fazer para influenciar a opinião das pessoas, coincide com o prazo da campanha de esclarecimento que o PCP vai fazer sobre o Euro, a Divida, Banca, defendendo uma política para “romper com os constrangimentos, desenvolver o País” para a qual acabou de publicar um livro, que mereceu elogios de Clara Ferreira Alves, no programa Eixo do Mal.

João Ferreira do Amaral, professor catedrático do ISE, da área da economia e das matemáticas, que publicou já em 2013 o livro “ Porque devemos sair do euro, o divórcio necessário para tirar Portugal da crise”, além de outros publicados anteriormente sobre o tema, e que sempre se manifestou contrário à integração de Portugal, fundamentando cientificamente as suas posições, publicou em 24 de Março passado, um artigo intitulado “Sessenta anos depois – A reserva de soberania e o futuro de Portugal, denunciando que “a União Europeia não é um mero prosseguimento da CEE sob outro nome. A União é algo de novo e o seu estabelecimento, em 1992, com a ratificação do tratado de Maastricht, representou um corte em relação ao que tinha sido até aí a evolução da integração europeia ocidental pós-II Guerra Mundial. Por isso, mais do que a comemoração dos 60 anos da CEE, o que deveríamos estar a assinalar (não a comemorar) são os 25 anos do Tratado de Maastricht”.

Depois de descrever de forma muito clara todo o processo e as suas consequências, diz: “A pertença ao euro – um dos maiores desastres da nossa história – tem de ser revertida como primeiro passo fundamental para repor a reserva de soberania. Por isso, é urgente que a nova união defina um conjunto de procedimentos para a saída de um país da zona euro” …”A questão da reserva de soberania é nos tempos actuais a mais importante que o País tem de enfrentar. Nela se joga a possibilidade de Portugal continuar a existir”.

Quem leu o discurso do Papa, aquando da recepção no Vaticano aos representantes da EU, nas comemorações dos ditos 60 anos? Muito poucas pessoas. A comunicação social desvalorizou-a completamente. É que o Papa manifestou o seu grande pessimismo com a continuação da EU.

Neste momento, já quase que não há notícias sobre imigrantes e refugiados, ou sobre os pormenores da guerra em Mosul, no Iraque, como houve sobre Allepo, na Síria.

É preciso avisar toda a gente, como dizia o Cantor, que os jornais não dizem o que sabem.


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