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01/05/17

PRESCRIÇÃO DE DIAGNÓSTICO

António Mesquita


A Greek physician at work (490 BC)



A identificação da doença permite ao médico "ler" alguns sintomas e antecipar outros, interpretando, sempre no mesmo sentido, indícios que podem parecer não ter qualquer relação com o mal.

Esta "crítica" não é possível no caso duma doença ainda desconhecida, ou quando os sinais são demasiado ambíguos.

Antes da filosofia hegeliana ter engendrado a sua prole no domínio da teoria política, a crítica tinha de cingir-se aos aspectos pontuais e às lições do senso comum. Denunciava-se a injustiça em pessoas e actuações  concretas, mas era inconcebível a ideia de que a sociedade pudesse ser injusta no seu todo, sistematicamente.

A filosofia alemã criou a crítica sistemática. Tal como no caso do médico que já sabe o nome da doença, tudo pode ser interpretado como sintoma e manifestação do sistema.

Infelizmente, a política deixou de poder recorrer à farmácia do século XIX. E os que continuam a diagnosticar o sistema já não têm os meios da cura.

A pior consequência disto é que se perde assim o sentido natural da justiça e só o que corresponde à doença sistemática é valorizado.

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