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01/04/18

AS MÁSCARAS DE EME

Mário Martins


  https://www.google.pt/search?q=mascaras+de+teatro



Eme – personagem de género incerto, que desta vez é masculino – está com uma crise de identidade. Se atravessa a rua é peão, mas se for atropelado será sexagenário, entra no carro e é automobilista, já nos transportes públicos é passageiro, no tempo do emprego duradouro foi profissional, trabalhador e colaborador (por esta ordem), na segurança social é pensionista, na saúde utente, mas no médico é doente, nos serviços de identificação é cidadão, já na câmara é munícipe, nos actos eleitorais é eleitor, às vezes votante, outras vezes abstencionista, nas finanças é contribuinte, na justiça, se não for autor, será réu ou testemunha, numa loja ou serviço é cliente, no desporto praticante ou adepto, nos espectáculos e na velhice é sénior, se for casado é, em princípio, marido, se não for será solteiro, companheiro, divorciado ou, menos vezes, viúvo, no sindicato é sócio, na política, ele é a favor ou contra a geringonça? entra numa igreja e é crente ou turista, em Portugal e na Europa é português, mas na América profunda será, quando muito, espanhol, para outras raças é branco, enfim, para um extraterrestre condescendente não passa de um abstracto habitante do terceiro planeta à volta de uma vulgar estrela de uma galáxia espiral não menos vulgar. No palco social da vida bem gostaria Eme de ser apenas Eme…    

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