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01/04/18

LUTA IDEOLÓGICA

Manuel Joaquim



Ao ouvir e ler notícias e opiniões, nestes últimos dias, sobre a situação política, recordei-me de um livro, lido há muitos anos, 'O Lobo das Estepes', do escritor alemão Hermann Hesse, prémio nobel da literatura em 1946, publicado em 1927. Caracterizando personagens, pessoas, o autor, defendendo maior autenticidade e sagacidade, em determinada altura do texto, refere que há personagens na vida que se limitam a mastigar palavras e a vomitá-las.

Os recentes acontecimentos internacionais têm sido uma oportunidade para o desabrochar de papagaios da palavra e da escrita, nos jornais, na rádio, nas televisões, martelando sem qualquer pudor, falsidades, distorções e calúnias para justificarem os lugares e dinheiros que recebem.

O pequenino, conhecido por “o robot da SIC”, fala ao domingo à noite, sobre tudo. Sobre o envenenamento do espião na Inglaterra, sabia perfeitamente o que se tinha passado e sobre as causas e objectivos. Nem os EUA tiveram tantas certezas, pois têm-se referido ao “alegado” envenenamento. A Rússia e outros países têm pedido provas que até agora não foram apresentadas. 

Quando acontecem crimes em alguns países da Europa são imediatamente apelidados de actos terroristas e logo são referidos os refugiados e imigrantes, vítimas de perseguições em países onde o nazi-fascismo renasce, domina aparelhos de estado e se organiza internacionalmente com a cobertura amplificada dos meios de comunicação.

Quando acontecem crimes nos EUA, e estão a acontecer cada vez mais, as notícias desaparecem e não merecem grandes comentários. Assim aconteceu com a grande manifestação da juventude americana contra as armas. Denunciar os dirigentes políticos que recebem dinheiro dos seus fabricantes, para a comunicação, não é importante. 

O assassinato da dirigente política brasileira não foi terrorismo. A intoxicação ideológica tentou justificar a morte pelas suas opções políticas. O assassinato, nestes dias, também no Brasil, em pleno hospital, de um dirigente do Movimento dos Sem Terra, não foi terrorismo, nem tampouco notícia. O ataque a tiro da caravana de Lula não teve significado. 

Nada se diz da diligência efectuada por Christine Lagarde, junto da União Europeia, para constituir um fundo, no prazo de seis meses, para responder a possíveis problemas financeiros. Entretanto, o sector financeiro, especialmente a banca, continua a emagrecer aceleradamente em Portugal e na Europa, com despedimentos de milhares de trabalhadores e encerramento de centenas de estabelecimentos.

O Novo Banco, o banco constituído pela parte boa do Banco Espirito Santo, apresenta prejuízos em 2017, na ordem dos 1.400 milhões de euros. O maior banco da Alemanha, o Deustsch Bank decidiu abandonar Portugal, consequência da sua muito difícil situação financeira, sobre a qual não se deve falar.

Fala-se da guerra da Síria, em situação de desespero, tentando encobrir o que na realidade se passa. O terrorismo, aí, já não é feito por terroristas, mas por rebeldes. Palavras piedosas pelas vítimas dos bombardeamentos dos aviões russos. Mas nada sobre os milhares de mercenários pagos mensalmente que fazem a guerra com armas e munições fornecidos pelos EUA e países lacaios para a rapina das riquezas desse país. Existem provas e documentos sobre tudo isto nas Nações Unidas. A situação de desespero é fruto da derrota militar que se avizinha e das suas consequências. É um salto qualitativo na correlação de forças a nível mundial. É o fim do poder unipolar no mundo. 

As ideias que germinaram e germinam na cabeça de alguns, de destruírem, principalmente, a Rússia e a China, não vingarão, sob pena de também serem destruídos. O que está a alimentar as notícias, para além da Síria e das escapadelas de Trump, são as eleições na Rússia e a figura de Putin.  Um manjerico, sem pelo e outras coisas na cabeça, verte, no Público, veneno de lacrau sobre a eleição de Putin, cumprindo, zelosamente, o manual de instruções que lhe deram. 

A luta dos povos e dos trabalhadores em quase todos os países da Europa acentua-se. As eleições locais e nacionais nos vários países não têm correspondido aos interesses das classes dominantes. A militarização aumenta com sucessivas provocações nas fronteiras de diversos países. A luta ideológica acentua-se.

É com apreensão que vejo o que está a acontecer a nível mundial.



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