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01/05/18

O PLÁTANO

António Mesquita


"Fedro - Eu advirto-te duma coisa, deixa de te fazer rogado, que ou eu me engano, ou encontrei a palavra que te fará falar.

Sócrates – Então não a digas.

Fedro – Vou dizê-la, pelo contrário. Essa palavra é uma jura: eu juro - mas por qual deus jurar, por qual? – Olha! Por este plátano, juro que se não pronunciares o teu discurso diante desta mesma árvore, nunca mais te mostrarei nem te falarei de mais discurso nenhum de ninguém.

Sócrates – Ah! Malvado, como tu soubeste achar o meio infalível de me levar aonde querias, apanhando-me pelo meu fraco pelos discursos!"
"Fedro" (Platão)

Entre jurar por um plátano e dar, por exemplo, a sua palavra de honra vai um abismo.

Para Fedro a natureza é divina. Uma árvore pode servir de testemunha porque não se sabe as metamorfoses que sofreu (como a dos homens que as Musas enlouqueceram e foram transformados em cigarras, também referidos neste diálogo). A natureza não está separada dos homens, nem pode ser revelada como um processo objectivo.

Esta é a idade da harmonia sobre a qual só podemos lançar um olhar nostálgico.

Deste lado do abismo, o indivíduo que jura pela sua honra, jura pela opinião. Um dito atribuído ao próprio Sócrates ilumina a questão: "O caminho mais grandioso para viver com honra neste mundo é ser a pessoa que fingimos ser."

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